Viagens

Sem eira, nem beira… tribeira; bruma e patê…

Diferente coisa não se podia esperar de um final de semana  com Chimicatti, Fernando e eu…

Meio da tarde eu e Chimi sentamo-nos no bar do hotel a espera do Fernando que se atrasaria. Desconfiamos o motivo, mas… enfim, demos a largada. Angélica Zapata foi a melhor escolha. Cabernet Sauvignon era o melhor custo benefício. Poderia ser Malbec, preferência da maioria. Cinquenta reais a mais por garrafa, razoáveis seriam não fosse nossa média de consumo nessas ocasiões.

Dia lindo. Paisagem ainda mais… era o que podíamos observar da mesa que estávamos a saborear a bebida dos deuses.

Terceira garrafa depois se ouve  a  voz rasgando a recepção do hotel com propósito desafiador perguntando o número da garrafa. Terceira, Fernando, responde Chimicatti com sorriso largo no rosto pela chegada do ilustre companheiro que se atrasara. Começava aí nosso final de semana em Ouro Preto.

Mais um Angélica após, saímos a pé. Cem metros do hotel encontramos nosso primeiro destino. Entre um cappuccino e outro,  duas meia garrafas de um vinho qualquer. Era o que havia. Mais alguns minutos…. andiamos…

No caminho um pouco de cultura: Prof. Chimi nos ensina o que é bruma. Parece óbvio, mas eu não sabia: trata-se de cerração pouco densa que diminui a visibilidade e deixa algumas paisagens ainda mais bonitas. Não saberia eu dizer a diferença de neblina. Enfim… se eu perguntar o professor ensina. Ah… ensina….

Daí por diante aprendi ainda mais: eira, beira e tribeira. Até hoje não sei como pude viver sem saber o que significam… A história do coletor que cobrava imposto de acordo com essas categorias de, digamos, um puxadinho a mais ou a menos, é impressionante. Dei conta da minha ignorância total. 

Mais um bar, mais quatro garrafas de vinho, patês,  iscas de filé e mandioca, voltamos. Fernando que faz inveja a Matusalém para em frente a uma república que morara quando estudante de engenharia de minas em Ouro Preto. Essa é a quinta faculdade que descobri que ele fez. Inteligente demais, não é  não? Entramos. Ele revive aquele tempo e nos envolve em sua rica nostalgia. As mulheres? Bem… as mulheres escolheram ir andando, parando…parando e andando… eu disse parando e andando….

Hotel e jantar. Vinho! Angélica Zapata Malbec. Por que mudamos de ideia? Ora… simples: acabamos com o Cabernet. Cinquenta e cinco paus a mais…. sem problemas… já que erramos o prédio, qualquer andar serve. Mais quatro garrafas, apenas. 

Nosso Pavarotti, Fernando, canta Tim Maia e é ovacionado com pedido de bis pelos presentes ao restaurante.

Por fim, e como sempre, fechamos o boteco chic cantando com alguns garçons que,  mais soltos fizeram segunda voz enquanto arrumavam as mesas para o dia seguinte. Mais uma pausa e outro vinho após sermos expulsos do restaurante. Jeito não dá… jeito está dado: e fomos parar em frente à recepção. Aquela mesma de quando chegamos e ficamos no bar. Estávamos em casa. Adentrávamos a madrugada.

Subitamente, no entanto, o inusitado acontece: o touro ajoelha. Baixa a cabeça como se esperasse as bandarilhas a espetar seu dorso e some escada acima. Foi, porém, com galhardia desmentida pela Juliana que nos confessou no café da manhã que o homem morreu….

Chimi e eu aguentamos, fortes que somos, firmes. Matamos mais meia garrafa e subimos. Terceiro andar e uma pausa para alinharmos algumas pontas soltas em nossas expectativas de vida pessoal e profissional. Claro, há de lembramos que o touro estava morto. Lembra?

Dez horas do dia seguinte, dejejum.

Saímos. Passeio ao som de um coral de igreja ao fundo. Lindo. Uma encenação no meio da rua de Branca de Neve – tudo a caráter – e uma parada com a banda municipal a tocar um dobrado. Adivinhem quem me ensinou que aquele estilo de música era um dobrado? Ele mesmo: Professor Chimi.

Algumas lojas depois, um pit stop em um boteco/restaurante e mais uma garrafa. Essa, não bebi. Dor de cabeça pura. Quem estava quase morto, agora, era eu. E o Chimi? Esse não tem fígado. Tranquilo…

Por fim, almoço. Presenças ilustres do Weslen e Flávia que, passeando de moto, foram nos encontrar em Ouro Preto.

Novesforanada… fim de semana sem eira, nem beira… tribeira.; brumas e patê… Precisa mais?

   Alexandre Câmara

29/01/13

Um humanista um pouco bravo.

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