Crônica

Os melhores vencerão!

Quem me conhece sabe que sou realista e, por vezes, cético.

Nesse momento de reclusão, tento olhar pela

Janela da razão e achar a razoabilidade em meio a esse caos que nos envolve a todos. 

São tantas as incongruências, as contradições, as desinformações e – a moda dos nossos tempos – as fake news – que insistem em ser utilizadas como armas para defender interesses próprios e de poder – que nos atordoam e nos desesperam.

Temos visto a irresponsabilidade e inépcia de um governo caótico que se alimenta de teorias conspiratórias; observamos atônitos grupos radicais incentivados e ludibriados por essas teorias; estratégias maniqueístas são usadas para dividir, causando uma conflagração propositada, apostando no quanto pior melhor; empresárias suspeitos deixam seus escrúpulos de lado (se é que os têm) fazendo alianças com o governo para, após milhares de mortes, lucrar no futuro por terem apoiado o poder no passado – ser amigo do rei é imprescindível para manter benesses; são tantas as mazelas que não seria razoável descrevê-las aqui, e, certamente, nem possível.

Vejo, entretanto, muita solidariedade, muita responsabilidade e muito trabalho de um montão de pessoas: são profissionais da saúde colocando suas vidas em risco; cientistas e pesquisadores lutando para achar vacina ou droga capaz de combater esse vírus; empresários humanistas colaborando com ações reais para ajudar a população, sobretudo mais carente; são pessoas simples trabalhando com arrecadação e entrega de cestas básicas aos mais desassistidos; são vizinhos fazendo compras para os idosos, grupo de maior risco, que não podem sair de casa; são voluntários entregando marmitas a caminhoneiros nas estradas; são os cidadãos e cidadãs – na acepção da palavra – que evitam sair de casa para se proteger e ao próximo, na certeza de que contribuirão para o achatamento da curva veloz de transmissão – evitando com isso saturar o sistema de saúde já tão precário.  Enfim, são varias as ações solidárias, responsáveis e de amor a si mesmo e ao próximo que também é quase impossível declinar.

Assim sinto a esperança minar meu ceticismo e reforçar meu realismo: sairemos dessa terrível experiência mais sensíveis e certos de que temos que estar mais próximos de quem amamos; mais tolerantes com quem não amamos e mais sábios no convívio social: perceberemos que já é hora de pensarmos e agirmos coletivamente; de ter mais empatia e compaixão; de exercitarmos a tolerância; de evitarmos e não propagarmos fale news; de sermos mais gente; mais cidadãos.

Se é possível olharmos o copo meio cheio, essa pandemia nos trará um modelo mental diferente, mais adequada ao convívio humano: talvez seja um marco civilizatório a se inaugurar.

Sem querer ser maniqueísta quero crer que sairemos mais forte desse horror, pois tenho esperança que os melhores vencerão!

Alexandre

28/03/2020

Um humanista um pouco bravo.

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