Pelo Mundo,  Viagens

CUBA LIBRE!

Hotel Nacional
À esquerda: Boson, Gustavo e Juninho. À frente: Chmicatti e ao fundo, Zaca e Vini

Começarei por  esta, não por qualquer razão de ordem lógica ou memorial, mas por ser uma daquelas viagens que muito mais que turismo, vivenciamos uma triste história em plena construção, cujos fatos e atos são tão latentes quanto o sentimento de que, ainda, é possível evitar que se consumam as premonições de insucesso desta nação, outrora desencadeadas.
São muitas viagens, felizmente e a sua grande maioria das vezes ao lado e por convite do sensacional companheiro de viagens, o Fraga, um dos co-autores deste blog, cujos relatos dessas aventuras em breve virão compor esta verdadeira enciclopedia de memorias turísticas.

Uma belíssima viagem, esta que fizemos para Cuba em outubro de 2018. Cinco amigos, despretensiosos, companheiros e verdadeiros comparsas de cinco dias que não nos cansamos de bridar à Havana, sempre com um belo copo de Mojito em uma mão e um charuto Cubano entre os dedos da outra.

Havana, capital de Cuba, dispensa apresentações sobre sua posição geográfica, sua postura política e, menos ainda, sobre as condições com que a maioria de seu povo sobrevive.

As primeiras impressões, infelizmente, péssimas, se considerarmos o aeródromo como a porta de entrada pela qual chegamos. Descuidado, péssima logística e, logo no ar de chegada, uma impressão de que nós, os turistas, estaríamos realizando o início de um périplo por algum lugar proibido. Mas, passados os umbrais da cidade, imediatamente, cessava essa sensação nefasta, pois, já nos deparamos com aquilo que pude confirmar pela nossa pequena, mas intensa, estada por lá: um largo e acolhedor sorriso dos Cubanos!

Pessoas maravilhosas, simpáticas, empáticas e acolhedoras. Por menos que pudessem oferecer, o fazem pela gentileza urbana e presteza no atendimento ao turista. Diferente de outros lugares que, também, recebem muitos turistas. A receptividade ali aparenta muito mais um pedido de acolhimento do que um acolhimento propriamente oferecido. Vivenciam o regime nas suas mãos, na forma de vestir, nas suas casas (tive e oportunidade de entrar em algumas) e, principalmente, no seu silêncio sobre o tema política e desenvolvimento humano.

A cidade é musical. Em todos os locais há alguém apresentando aquela maravilhosa e caliente melodia que rapidamente contagiou a todos nós. Trabalham com música, com arte de rua e artesanato, mas nada disso não lhes parecem dar trabalho algum.

A arquitetura urbana é o próprio contraste gerado pelo regime e sentido pelo povo. Monumentos históricos maravilhosos de estilos neoclássicos, ruas e praças com traços de belas paisagens, exatamente, do mesmo lado de verdadeiros cortiços e ruelas desprovidos da menor condição de uma vida digna bem no coração de Havana, a chamada Havana vieja.

Distante apenas 20 minutos de carro desse centro histórico vivo, sob a ótica da realidade do povo Cubano, está a nova Havana. Indescritível quanto à sua demonstração de riqueza, ostentação e verdadeiros castelos onde, segundo consta, vivem os políticos e dirigentes do país. Um odioso contraste, não pela riqueza dessa região afortunada, mas pela pobreza incrustada no meio da, tambem, exuberante, velha e boa Havana.

Mas, voltando ao core de Havana, não posso deixar de tentar descrever aquele que, na nossa opinião é a síntese de Cuba no que respeita a alma de um povo acolhedor e difusor de alegria. Trata-se do La bodeguita del Médio. Uma verdadeira epopeia de gentes. Turistas do mundo todo, regados a mojitos maravilhosos, petiscos regionais extraordinários e os Cubanos, artistas e empregados fazem de lá um verdadeiro púlpito de onde partem as mais emocionantes sensações que se possa captar. Vivemos, praticamente, em La bodeguita del Medio, por toda nossa estada pelas terras de Fidel.

Um fato curioso ocorrido comigo representa bem o contexto histórico a que me refiro.  Aconteceu quando pedi um copo como souvenir, como faço em todos os lugares que não conheço pelo mundo a fora. Qual não foi minha surpresa quando o barmam disse-me que não poderia doar-me nem me vender, pois, segundo ele o “copo era do governo”. Demorei alguns minutos para entender, mas, logo veio à minha mente que estava no centro de Havana, cidade que o “governo” tomou para si sob a falsa desculpa de proteger seu povo que, aliás, dentre as mendicâncias que presenciamos por esse mesmo povo fazer, estava a pelo sinal de internet e de celular. Um mundo que não está, verdadeiramente, no passado, de lá não se conseguem retira-lo nem à fórceps, parece-nos, sobretudo, com a mantença irracional do embargo econômico imposto pelos EUA, cujo comentário prefiro não fazê-lo, para não manchar a bela imagem que tenho de Cuba, a qual quero muito que o mundo saiba e a propague em prol do próprio pais e dos Cubanos.

O Charuto, um capitulo a parte, é o carro chefe da economia local, inebriante, principalmente, pela experiencia que tivemos de degustar algumas horas daquele que o Lázaro elaborou na nossa presença. Ali, ao vivo e à cores, em um atelier localizado no interior do majestoso Hotel Nacional, suntuoso pela sua estrutura e pela natureza que lhe circunda.

E, por falar em natureza, a praia de Santa Maria del Mar, interior de Cuba, água maravilhosa como só o mar do caribe pode propiciar, areia branquíssima e uma exuberante paisagem. Extraordinário lugar.

Por outro lado, a cidade que conta com seus quase 2,5 milhões de habitantes, parece estar pronta para “um banho de loja”. Está ávida por uma reforma, não, apenas, na política de seu país, mas por toda sua infraestrutura e, muito mais ainda, no cuidado com o seu povo, sua gente.

Havana, pude perceber o seu ar aristocrata e, como nos tempos áureos de outrora, ainda voltará a protagonizar um dos melhores lugares do mundo para se viver. “Não há mal que perdure para sempre” e não há política de estado, independentemente da sua linha ideológica, que se justifique a não ser para propiciar ao seu povo as mínimas condições dignas de se viver.

E, não por acaso, foi dele a ideia de irmos para Cuba, um dos comparsas, Flávio Boson Gambogi. Quero, entretanto, para tentar sintetizar o que sinto por Cuba ao ter conhecido Havana e em  homenagem ao idealista dessa viagem, lembrar as profundas palavras de seu avô, meu saudoso professor de Filosofia do Direito da minha querida PUCMINAS, Gerson de Brito Melo Boson: “o que inspira a arte é o belo” e “as cores não estão nas coisas, mas, sim na luz que sobre elas se projeta”. Com esse estímulo filosófico, tenho certeza de que, por mais que as cores de Havana estejam empasteladas, o belo brilho da luz que lá se irradia será suficiente para inspirar a arte digna de se viver por aquelas bandas, independentemente das fétidas e falsas inteligências embargantes!

Dedico, pois, esse pequeno relato dessa deliciosa passagem por Cuba aos amigos, Vinícius Rezende, Flávio Boson Gambogi, Gustavo Maia, Zacarias borges e ao Hely Júnior…

Em La Bodeguita Del Medio

Apaixonado pelas palavras, pela advocacia e pela vida regada a um vinho!

4 Comments

  • Zacarias caixeta borges junior

    Fala meu grande amigo Hebert, foi um prazer compartilhar esta viagem Tao maravilhosa ao lado de grandes amigos como vocês, lendo este Testo fiz literalmente uma retrospectiva a Cuba ,Havana cidade acolhedora, diferente de todos os lugares que tive a oportunidade de conhecer, espero que posamos realizar outras viagens em tão boas companhias grande abraço

  • Alexandre Câmara

    Que estória boa…
    A foto é a caricatura perfeita do ar que os envolvia e descrito no texto.. Tão gostoso o texto que queria mais. Você o terminou muito de supetão para uma narrativa tão rica. Continue-o, nos deixará felizes…

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