BELO HORIZONTE
Tanto de trem que tem lá… e aquele que o povo chama de Lagoinha, para o resto do mundo é copo americano, mas, para eles é Lagoinha! Fazer o quê?
Já a Logoinha que, um dia foi repleta de água, é um bairro que, outrora, foi berço dos ítalos-imigrantes e nascedouro da minha história.
Passear na rua para o flerte ou para mero deleite era footing… mas, a calçada da, então principal rua de BH, Além Paraíba, até hoje se chama passeio!
O Prado, que não é verdejante, era região de baixo meretrício, muito antes do 49 da Rua Ametista, porém, foi em nome do Santo Cura D’Ares que a Basílica de lá foi construída.
Já os Funcionários dos correios e telégrafos tiveram, no bairro em seu nome, o seu esteio que hoje é o nobre lugar, não para os carteiros, mas para os que podem lá, morar.
Contorno só a contornou por poucos anos! Hoje é um pequeno círculo central da metrópoli, eis que sua ideia de limite só nas mentes do Arão Reis e nas mãos do Afonso Pena existiram, aliás, nem a atual principal avenida que leva o nome do, então Presidente da República, à Contorno se limitou.
O asfalto e largas avenidas, que tanto sucesso urbanistico fizeram, não esperavam que sua engenharia encobriria uma relíquia da natureza: a bela “Veneza Mineira” que, sob sua forte estrutura tem suas frágeis, hoje fétidas e agonizantes águas.
Já foram límpidas as correntes águas dos córregos do Arrudas (Av. Tereza Cristina e Contorno), do Leitão (Rua Curitiba, Rua São Paulo e Av. Augusto de Lima), dos Pintos (Av. Francisco Sá) , do Acaba Mundo (Rua Professor Moraes, Av. Afonso Pena e Parque Municipal), da Serra (Rua Aimorés, Av. Brasil e Rua Maranhão), do Cachoeirinha (Av. Bernardo de Vasconcelos), do Pastinho (Av. Dom Pedro II), e de tantos outros que desde há algum tempo não são mais vivos, eis que se encontram enterrados sob o pretenso progresso dos referidos logradouros.
Mas, ainda viverei para delas viver! Quem sabe…
A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, sediada em um dos pontos altos da cidade, outro bairro nominou, o de Lourdes e por lá, em harmonia com sua aristocrata fundação, o Clube Atlético Mineiro se instalou com sua sede e campo de futebol.
Já, sobre o pântano, Italianos também recém chegados, por mais que o Barro Preto fosse escorregadio, pelas suas argilosas terras, também, em perfeita harmonia com sua história de luta, por lá erigiriam seus lares e o Palestra Itália, o início de suas glórias!
O céu estrelado, um constante azul de paixão, recobre este encanto do mundo e, por igual resistência, até hoje no Barro Preto, fez do Cruzeiro Esporte Clube o símbolo maior do Belo Horizonte que em suas páginas heroicas imortais, há de se eternizar!
Pastel com caldo de cana, Hilda furacão e o Caol do Palhares sempre nutriram os desejos dos que de lá das Alterosas se dizem donos do pão de queijo, dos butecos e mercearias: os verdadeiros donos do mundo.
Suas praças: da Liberdade, do Papa, do Raul Soares, do dia 7 de Setembro, do Diogo Vasconcelos na Savassi e do Clemente de Farias são muito mais que locais, são lugares, são verdadeiras identidades.
Venda Nova e Barreiro, arremedos de cidades autônomas por vocação, mas sempre compondo a Belo Horizonte por opção e razão!
O Caiçara e o Bairro do Novo Glória, a prova de que Minas são muitas e que o somatório do seu interior resulta na Belo Horizonte, pois, seus ares e andares sustentam vivas as origens dos que lá se aportaram, mas que, do seu interior de Minas, não se desgarraram.
Varandas, não. Alpendres… verdadeiras vitrines onde se expressam a alegria de se viver em uma cosmopolita e intimista cidade cujo espírito de Curral Del Rei, até hoje ronda seus cantos e arrefecem seus espantos.
Santa Tereza e o Ipiranga, bairros que viram filhos ilustres destas alterosas nascerem, assim, como eu, jamais os deixarão, eis que de sua história, sempre, parte farão.
Em homenagem à origem de onde os seus primeiros lusitanos donos nasceram, foi construída a Lagoa Pampulha que, por outro Mineiro da terra dos diamantes, espelhou a água e gerou a esperança do vigoroso e vibrante triunfo urbano.
Enquanto do sopé da Serra do Curral já se irradiavam energias metálicas, a foice e o martelo seriam eternas memórias de uma ideia ancorada nas belas águas paradas. Não fosse uma loa à São Francisdo de Assis, aquela bela espécie arquitetônica da Igrejinha da Pampulha, de política, somente viveria.
A Serra do Curral emoldura o jardim desta cidade que, além do asfalto, se orgulha dos povos da Prados Lopes, do Aglomerado da Serra, da Santa Lúcia, do Taquiril e de tantas outras favelas, ruas e vielas!
E aquele trem?
Que trem? Aquele sô… que, por muitos e muitos anos, eram os vagões unidos e puxados por uma locomotiva que vinham da Estação do General Carneiro, passando pela do Caetano Furquim e chegando na estação central. Dali, onde partiam os da EFCB e os da EFOM (que depois da fusão passou a ser RFFSA) para as estações dos Calafates, das Gameleiras, do Barreiro e de lá para o mundão de meu Deus, Brasil afora.
Tempo bom, trem bom e coisa boa!
Nada mais belo, entrementes, que o nosso horizonte,
local de inibidas gentes, mas de brilhantes mentes.
Locais, todos, verdadeira plêiade no azul celeste de uma Belo Horizonte inconteste!