Opinião,  Vida real (cotidiano)

Que tal não morrer?

Tanto já se falou; razão para quase todos, mas não todos, porém. 

Aos desamparados que não têm como permanecer em casa confortavelmente, ou nem casa e mínimas condições sanitárias têm; àqueles que têm que garimpar diariamente pelo pão para sobrevivência; para aqueles outros que desempenham trabalhos essenciais à sociedade; enfim, para tantos que, obrigatoriamente, não podem se isolar: jeito não dá jeito está dado. Resta a esse exército de bravos se cuidar e torcer para que não sejam vítimas desse inimigo invisível que, desgraçadamente, ceifou a vida de muitos e continua com ação voraz sobre a vida no mundo todo. Como uma caricatura horrenda da morte o vírus trás consigo a aleatoriedade dos dados jogados… coleciona perdas para quem decide ou não jogar. Não importa sua opinião, gênero, cor, se rico, pobre etc etc: como um guerrilheiro covarde mata a todos; até àquele que de mim,  ou da ciência, das estatísticas, das experiências de vários países, discorda. 

Esta ameaça é para todos. 

Nada falei, até agora, que todos não saibam. O ponto de reflexão, porém está aqui: por que você que não é do grupo do jeito não dá jeito está dado coloca em risco a sua,  a minha e a vida de tantos outros? O quê o faz agir irresponsavelmente flertando com o risco? Será falta de amor próprio? Odeia sua vida ou ao mundo? Pensa ser essa a desculpa óbvia para se sabotar e acabar com sua vida que entende ser medíocre? É uma forma de praticar roleta russa sem revólver, buscando o abraço frio da morte? Sua ignorância gritante o ensurdece? 

Que tal não morrer? Que tal morrer sem que sua auto-sabotagem não atinja àquele que nada tem a ver com sua miopia em ver a vida? 

Desculpe-me pela provocação. Por óbvio que o que tal morrer… é uma forma figurada de chamar sua atenção, pois não quero que ninguém morra; nem mesmo o medíocre pobre de espírito. Mas quero respeito à vida. 

Sinceramente, gostaria de que olhássemos de forma mais coletiva; que tivéssemos mais compaixão e amor ao próximo; que nossos umbigos não nos chamassem tanto a atenção e que nosso quintal fosse sem muros, para que nosso olhar alcançasse o horizonte e enxergássemos o todo ou, minimamente, nossos vizinhos.

Por fim, fico aqui pensando nos que amo e, até mesmo, naqueles que não amo, mas não desamo: até todo esse pesadelo passar, teremos tempo para um abraço?

Alexandre

02/07/2020

Um humanista um pouco bravo.

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