Crônica

A foto e o príncipe

Certa vez ouvi a frase, de autor desconhecido, que há dois tipos de fotos: aquela que sai como você é e aquela que sai como você gostaria de ser…
Definição verossímil, não ? Pois é: que o diga o Photoshop da vida…
Dei conta desse negócio  – “ ser ou não ser, eis a questão” – quando tive que escolher uma foto para o nosso blog. O blog, diga-se, é um espaço que criamos, entre amigos, que querem escrever, oferecer receitas, indicar vinhos etc… Uma forma lúdica de tratar coisas sérias e valorosas para nós, meia dúzia de apaixonados por essas pílulas de sublimação à vida.
Assim, comecei a procurar uma foto que pudesse me traduzir melhor. Esquisita essa ideia: como assim? Não sou eu na película? Sou eu! Estou na imagem. O meu próprio retrato já não deveria me revelar, pois? 
As imagens revisitadas por mim eram daquelas entre uma das duas; lembram? Aqui sou,  e o que gostaria de ser. Eu não conseguia achar a tal que eu gostaria de ser…
A genialidade de Louis Daguerre considerado, pela maioria, o pai da fotografia, não pôde imaginar que poderia haver essa questão Shakespeareana, por assim dizer: sou essa foto ou não sou, eis a questão. Pois seguro uma de minhas fotos, como Hamlet segurou a caveira, em suas mãos, e me questiono, menos como um príncipe, mas como um narcisista à procurar o melhor close. 
Como de príncipe nada tenho, escolhi uma imagem com adereço charmoso – um chapéu – acessório que, entendo, se não me traduz, me deixa um pouco estiloso. Com isso esqueço a caveira e escolho o que imagino meu melhor Photoshop. Meu Narciso agradece…

Alexandre 
02/06/2020

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