Reflexões vadias
Outubro. Baixa estação.
Hotel 4 estrelas, em franca decadência e aqui estou eu, em Natal/RN!
Um dia de não fazer nada, porque um magistrado resolveu nada fazer!
À beira da piscina, há mais de uma hora, entre um gole e outro de cerveja, que chegou geladinha- e que logo esquentou, por causa desse calor sufocante-, começo a observar melhor pessoas e coisas.
Especialmente, pessoas.
É a terceira vez que aquele gordinho passa perto das duas coroas que estão tomando sol nas espreguiçadeiras, com latinha de cerveja na mão, óculos escuros (pelo jeito, de grife), tentando disfarçar a barriga saliente.
É uma abordagem!
Fracasso, nas duas intenções!
Lembrei-me de que, até bem pouco tempo, possuía corpo de atleta e de que, hoje, a única coisa que possuo, bem empinadinha, é uma barriguinha chamativa.
E quando me falam dela afirmo, em subterfúgio brincalhão, que não é barriga e sim “patrimônio líquido “!
Quem dera.
DERA! Parece mentira, mas este é o nome de batismo da empregada doméstica da minha nora.
Lembrei-me de casa.
Na sequência, fixei meu olhar em mesa próxima. Nela, dois casais de meia idade, sendo que um dos homens era falastrão e exibido.
Com eles, um rapazinho de uns 17 ou 18 anos, franzino e que me pareceu bem tímido.
Com uns poucos pelos pelo corpo e uma barbinha rala, exibia sinais de que mal saíra da puberdade.
Bem à sua frente,estrategicamente colocada pela mãe, com seus parcos atrativos físicos, uma jovem de idade indefinida.
E indefinida, mais ainda pelo corpo um tanto roliço, mas não de todo feio.
Observei que todos, naquela mesa, se esforçavam para aproximar aqueles jovens.
E conseguiram, porque quase ao mesmo tempo se levantaram e foram embora, deixando-os sós.
Acho que sem alternativa, o moço tímido se encaminhou para a piscina com a sua “conquista”.
A última coisa que reparei foi que depois do rapazinho dar um mergulho estiloso, ela também pulou nágua, feito uma baleia, mas sem a graça desta!
Pretendia pedir mais uma cerveja e continuar com essas reflexões, mas não dá mesmo. Não aguento mais aquela música irritante e a toda altura que se expande daqueles carcomidos alto-falantes. Tan, tan- tan, tan- tan, era o rítmo imutável.
Tchau! Continuarei noutro dia!
Tarcísio P. Ferreira, em 24/10/2002