• Crônica,  Literatura

    Direito dos Costumes e Arte Literária – Ensaios Sobre Diálogos Roseanos – Prólogo

    Como antecipado na homenagem que publiquei, na categoria “aplausos” deste blog, sob o título “TREZE” (https://orapronobis.blog.br/?p=709) , inicio uma saga de ensaios a respeito de um tema que vem ocupando minha mente há muitos anos, sobretudo, após minha graduação em direito, minha experiência por 15 anos como professor da Universidade onde me formei, a Puc-Minas, e por ocasião do início do cumprimento dos créditos acadêmicos para a obtenção do doutoramento em ciências jurídicas e sociais (ainda inconcluso), então cursados na Universidad Del Museo Social Argentina, em Buenos Aires. Refiro-me ao fato de que o sistema jurídico brasileiro é todo estruturado pelo civil law, mediante o domínio das normas positivadas. sob…

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    A felicidade e esses meus ouvidos moucos…

    O dia amanhece chuvoso, Ana acorda e se sente feliz. Levanta-se e decide permanecer vestida com seu pijama  de flanela de calças e mangas compridas. Prepara seu café e o toma lentamente com um pão com manteiga quentinho. O sabor e a simplicidade do momento aumentam sua felicidade. Era dia nenhum para ela, ainda que havia afazeres. Não era quinta, nem domingo; era apenas um dia chuvoso e prazeroso para Ana.  No mesmo dia, pálido, Roseli acorda e numa espiadela,  com apenas um olho aberto, percebe o molhado de chuva que lhe deixa infeliz. O olho desperto mira a janela sem nada ver; Roseli escuta o barulho da aguaceira caindo…

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    Que se danem nossos pais!

    (“Quero ser feliz. Mas não ter esse trabalho horrível de me fazer feliz.” Clarice Linspector). Para vocês que ainda colocam nas costas dos pais seus problemas e frustrações, chega: danem-se nossos pais.  Cresçam!!! Se a unanimidade é burra, a generalização é uma mula. Portanto, minha conversa é para aqueles cujos pais se enquadram dentro do limite razoável do que é ser humano. Para aqueles que sofreram com pais crápulas e psicopatas também vale; com ressalvas. Pois bem, danem-se  nossos pais. Pelo amor de Deus, parem de imputar culpa aos pais. Está na hora de olhar as circunstâncias históricas e “perdoá-los”.  Pais são como entidades. Acreditamos em suas santidades quando na…

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    Quem você poderia ter sido? (Torna-te quem tu és!” – Nietzsche).

    Não! Não estou falando o quê, mas quem você poderia ter sido. Isso mesmo: essa é a pergunta-chave que não soubemos nos fazer quando jovens. Nem poderíamos. Há que se caminhar sobre cascalhos para se achar ouro. Não fui eu que escrevi essa frase que trás um lindo ensinamento; apenas a modifiquei um pouco. Helena Kolody – poeta – apresentada a mim por Rubem Alves em sua linda crônica “Ensinando a tristeza” – quem a escreveu (“Busca ouro na ganga da vida. Que esperança infinita no ilusório trabalho…  Para cada pepita, quanto cascalho”.). Sim! Estou tentando falar de felicidade. Assim como ouro, é preciso aprender a procurá-la e isso só…

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    Carta a um amigo em tempos outrora…

    Caro amigo Há tempos não nos vemos, como bem sabes. Nossas alternativas de transporte nos revelam pobres na engenharia. Desconfio que só ensinamos medicina e direito, e essas coisas, embora importantes, não constróem engenhocas. Nosso futuro parece sentenciado apenas a amenizar o sofrimento dos moribundos e à defesa dos poderosos que se esbaldam feitos parasitas da corte e aos borra-botas do governo. Seria possível, um dia, haver um meio de locomoção rápido a nos proporcionar encontros mais frequentes? Contentaria-me viajar para encontrá-lo ao menos uma vez a cada dois anos… Aqui estava indo tudo bem, naquela pacata vivência: trabalho de dia e de alguns goles na taverna à noite. Ultimamente,…

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    Preciso ver, mas não estudei engenharia. Que pena!

    Estou com degeneração macular e com o tempo terei séria limitação para enxergar. Em outras palavras: ficarei cego! A aleatoriedade da vida preferiu me brindar com a cegueira ao invés de me premiar com a mega sena acumulada. É a vida! Inteligentes buscamos compensações em tudo para aliviar a crueza da vida. Inventamos Deus e o Diabo, literalmente, para sublimar nossa existência; como diria Daniel Goleman em Mentiras perfeitas, Verdades simples. Abro parênteses porque calhou-me agora se devo escrever Diabo com maiúscula ou não, já que escrevo Deus assim. Como são entidades importantes e não faria sentido acreditar num sem acreditar no outro, entendo que devo prestigiar o sete peles…

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    Não aproveitamos nossos pais…

    Contava com oito, dez anos… sei lá e lembro-me, perfeitamente, de meus pais, preocupados, me levando a um pediatra, na Praça da Sé. Pós consulta parávamos numa lanchonete e meu pai comprava um bauru no pão de forma e um copo de suco de laranja. Íamos e voltávamos de ônibus. Tudo pra mim era novidade e delicioso: do ônibus ao queijo quente a se esticar do pão à minha boca. Lembro-me, também, de irmos –  aos domingos – a pé à casa de meu tio, irmão de meu pai, que ficava uns dez quilômetros de distância da nossa e, no meio do caminho, meu pai me punha de cavalinho, carregando-me…

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    Hoje tenho medo!

    Fui moleque valente. Hoje, homem covarde. Mas é aquela covardia boa… de quem quer apenas viver; deixar a razão sem importância de lado e buscar a leveza do ser feliz; como quem sente aquela brisa suave e mansa acariciando o rosto não mais menino.  O caminhar me ensinou que quando não é fraqueza de caráter a cobardice é meritória.  Hoje tenho medo!  Não ouso mais coragem infantil, beligerância probatória. A testosterona não há mais em excesso; o tanto que hoje a tenho faço melhor uso e me delicio mais… Uma querida amiga enviou-me, dia desse, um texto de Adélia Prado, belíssimo, em que dizia que “a criança ignora o quanto…