ESCOBAR, VITTAR OU NERUDA…
O Escobar, Vittar ou Neruda… somos! Guerreiros, emocionais, irreverentes e astutos! Pouco decifráveis, mas livres… de tudo e de todos! Viveram e vivem para a arte de viver ensimesmados e para viver artisticamente para sua emocionada plateia! Não os creio como quem pensa só em si, ao contrário: são o que são e nos exemplam em como devemos ser: plenos em busca do bem viver! Do nosso bem viver! Lamento, somente, que o píccolo cérebro do primeiro não pudesse se assemelhar ao humano dos outros! O Escobar, píccolo, teria muito que se inspirar no Vittar, humano, mas, ambos, certamente não olvidariam do Neruda, aliás, todos são Pablos… e por sê-los,…
Tudo mudou e nada muda: “meu pilão primeiro”.
Acordo com o dia frio e, por alguns minutos, esqueço que estou confinado. A pandemia, como um despertador, me dá a real lembrando-me de que, sim, estou confinado há mais dias do que eu poderia imaginar ser possível acontecer. Enquanto tomo meu café hesito em ligar a televisão, abrir o jornal e ligar meu computador – rotina diária – novo normal – nova onda. Hoje, porém, algo está diferente. Há alguma coisa a mais que me tira atenção, me perturba. Tem um sentimento que vem e vai como ondas mansas de um mar barulhento… Outro gole no café e a lembrança da última frase de protesto de um homem, agora…
O tempo…
Ah… o tempo… Percebem como somos apenas coadjuvantes do tempo? Como não o dominamos? O tempo nos parece algo versátil, mágico: balançando em sua gangorra misteriosa do existe, não existe… Mesmo o disfarce do que se diz atemporal, que tenta negar o tempo, acaba por caracterizá-lo. Não fosse estranho diríamos que o atemporal é o superego do tempo para chamar a atenção e lembrá-lo do ético, da moral, suplicando a não nos maltratar tanto. Falamos na atemporalidade como que para negá-lo. Tirá-lo da nossa frente, como uma revanche vingativa, ou para dele usufruirmos mais: ganharmos tempo. Submetidos damos as mãos a ele e, ao seu lado, o deixamos acompanhar nossas…
Reflexões vadias
Outubro. Baixa estação. Hotel 4 estrelas, em franca decadência e aqui estou eu, em Natal/RN! Um dia de não fazer nada, porque um magistrado resolveu nada fazer! À beira da piscina, há mais de uma hora, entre um gole e outro de cerveja, que chegou geladinha- e que logo esquentou, por causa desse calor sufocante-, começo a observar melhor pessoas e coisas. Especialmente, pessoas. É a terceira vez que aquele gordinho passa perto das duas coroas que estão tomando sol nas espreguiçadeiras, com latinha de cerveja na mão, óculos escuros (pelo jeito, de grife), tentando disfarçar a barriga saliente. É uma abordagem! Fracasso, nas duas intenções! Lembrei-me de que, até…
A Tourada.
Em Madri, decidimos assistir a uma tourada. Tourada é uma coisa que, parece, estar em nosso imaginário e que só existe em filmes. Por isso, curiosa e quase desconhecida para mim. Um conhecido espanhol, há anos atrás, me disse que fora os espanhóis nativos, a maioria das pessoas acha uma crueldade esta atração. No entanto, trata-se, disse ele, de uma uma questão cultural que deve ser cultuada, mantida e reverenciada em seu país e, quiçá, no mundo. Não pude concordar nem discordar, pois nunca havia visto, digamos … ao vivo, este evento. Uau!!! Só de lembrar me arrepia. O tal hispânico sabia o quê estava falando e o quê queria…
DUELO DOS INDECENTES
Certa feita, em furtiva e despretensiosa conversa, Luiz Chimicatti, meu irmão e colega de profissão, afeito à ciência do direito penal, saca da cartola a seguinte questão: qual seria a natureza jurídica do duelo?Intrigado com a proposta de reflexão, de chofre, me antepus à resposta, sob o argumento de que não de se poderia pensar juridicamente sobre fato da vida que não encontrasse proteção do direito e que se diz ante-jurídico de nascença!Ora, é de sabença notória que o duelo é um meio de que duas pessoas se valem para, reciprocamente, praticarem crime de homicídio, indubitavelmente, doloso, eis que é da essência dessa biunívoca disfunção social, a vontade preordenada e…
O Dourado e o Pescador.
O Dourada, fisgado, salta metro e meio fora d’água. Seu brilho refletido por um sol intenso, nos prestigia e exibe um balé sobre as águas do rio Aquidauana – no Pantanal mato-grossense. Estava-se diante de um bravo. Seu esperneio e força excitam e comovem, dando a exata dimensão do que significa coragem e força. Sua silhueta brilhante, voando alto, tenta cuspir, chacoalhando sua cabeça de lado a outro, o anzol assassino entranhado em seu beiço duro. O bicho luta feito um samurai flutuando acima d’água. Do ar mergulha sob um rio caudaloso e escuro; imerge e feito um torpedo certeiro, à flor da água, segue em direção ao barco numa…
“LIBERTAS QUAE SERA TAMEN”?
Tal qual nosso conjunto orgânico, formado e desenvolvido para que, harmonicamente, realize as funções vitais do nosso corpo, assim o é a sociedade, com as escusas cabíveis pela obviedade dessa assertiva. Do mesmo modo são os interesses e as ocupações mundanas, eis que, o cuidado redobrado, o debate intenso e o temor da perda de uma das funções vitais, somente se reverberam nos momentos cuja perda ou deterioração dessas atividades vitais esteja eminente. Assim tem sido no quesito liberdade… um dos pressupostos da convivência harmoniosa da sociedade, aliás, experimento recente sob a lupa da história contemporânea em virtude da qual o filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980) disse: “estamos condenados a ser…
Não Há (o) Tempo.
O que seria do tempo não fossem o Sapiens Sapiens? Nada, absolutamente, nada, como de fato o é! Espasmo cerebral versado em organizar a vida humana que, por não ser suscetível de qualquer dominação, a tentamos pela via da certificação cartorária: demos-lhe nome e empregamos-lhe tamanho. Fatiamos-lhe em passado, presente e futuro. Só não conseguimos desafiar o dilema da inexistência lógica entre tais fatias temporais! O que é o passado senão uma sensação construída a partir dos sentidos humanos (visão, tato, olfato, paladar e audição) sobre atos e fatos da vida que ocorreram no mesmo exato instante do que convencionamos chamar de presente? Não nos descuremos que o tal futuro…
Persona Non Grata
Eis que a persona que há muito não se via amiúde, desfila pelos logradouros, imune a qualquer infectação de sobriedade mundana!Enquanto há máscaras caindo pelo mau uso dos seus incautos possuidores (ou possuídos), há personas sendo forjadas em tempos de aflição global, não para uma representação dramática de uma tragédia, mas pela impulsão pragmática de uma novela cujo final, não se sabe, será feliz!A variante propiciada pela máscara transeunte, há de reverberar sempre, por quem esteja por detrás da persona, enquanto aos costumes não forem, os legítimos personas non gratas, chamados!Em magistral contribuição para o diálogo, assim disse-me Marly Libreon:“Tenho certeza que, se Picasso estivesse entre nós, retrataria com arte…