Quem você poderia ter sido? (Torna-te quem tu és!” – Nietzsche).
Não! Não estou falando o quê, mas quem você poderia ter sido. Isso mesmo: essa é a pergunta-chave que não soubemos nos fazer quando jovens. Nem poderíamos. Há que se caminhar sobre cascalhos para se achar ouro. Não fui eu que escrevi essa frase que trás um lindo ensinamento; apenas a modifiquei um pouco. Helena Kolody – poeta – apresentada…
A sentença
Na década de 50, como já contei, eu fazia parte da turma de rapazes do Bairro de Lourdes, mais conhecida como Turma do Bodão. Nos reuníamos, todas as noites, invariavelmente no bar do Bodão. Uns chegavam mais cedo, outros por volta das 22:00 hs, após se despedirem das namoradas. Mas o fato é que ninguém queria perder esses encontros porque,…
Carta a um amigo em tempos outrora…
Caro amigo Há tempos não nos vemos, como bem sabes. Nossas alternativas de transporte nos revelam pobres na engenharia. Desconfio que só ensinamos medicina e direito, e essas coisas, embora importantes, não constróem engenhocas. Nosso futuro parece sentenciado apenas a amenizar o sofrimento dos moribundos e à defesa dos poderosos que se esbaldam feitos parasitas da corte e aos borra-botas…
Preciso ver, mas não estudei engenharia. Que pena!
Estou com degeneração macular e com o tempo terei séria limitação para enxergar. Em outras palavras: ficarei cego! A aleatoriedade da vida preferiu me brindar com a cegueira ao invés de me premiar com a mega sena acumulada. É a vida! Inteligentes buscamos compensações em tudo para aliviar a crueza da vida. Inventamos Deus e o Diabo, literalmente, para sublimar…
Malandro Cocô
Minha turma de juventude no bairro era o que o Seu Afonso um dia chamou de “do cú riscado”! De fato, a gente aprontava. No nosso manual só não existia desrespeito aos idosos e discriminação. Fora encontros casuais, a gente se reunia, invariavelmente à noite, no Bar do Bodão, personagem folclórico, que um dia lançamos como candidato à Presidência da…
Que tal não morrer?
Tanto já se falou; razão para quase todos, mas não todos, porém. Aos desamparados que não têm como permanecer em casa confortavelmente, ou nem casa e mínimas condições sanitárias têm; àqueles que têm que garimpar diariamente pelo pão para sobrevivência; para aqueles outros que desempenham trabalhos essenciais à sociedade; enfim, para tantos que, obrigatoriamente, não podem se isolar: jeito não…
Não aproveitamos nossos pais…
Contava com oito, dez anos… sei lá e lembro-me, perfeitamente, de meus pais, preocupados, me levando a um pediatra, na Praça da Sé. Pós consulta parávamos numa lanchonete e meu pai comprava um bauru no pão de forma e um copo de suco de laranja. Íamos e voltávamos de ônibus. Tudo pra mim era novidade e delicioso: do ônibus ao…
BELO HORIZONTE
Tanto de trem que tem lá… e aquele que o povo chama de Lagoinha, para o resto do mundo é copo americano, mas, para eles é Lagoinha! Fazer o quê? Já a Logoinha que, um dia foi repleta de água, é um bairro que, outrora, foi berço dos ítalos-imigrantes e nascedouro da minha história.Passear na rua para o flerte ou…
NOVO TEMPO
Acabaram-se as quermesses, festas de santo, festivais de comidas, shows de artistas, acabaram os dobrados das euterpes, os carnavais, procissões, cortejos fúnebres, rodas de samba e de umbanda. Acabaram as reuniões de mesa branca, as mesas de bar já não mais há. Acabaram as missas, cultos, não haverá mais zombarias nas madrugadas, comícios e palanques. Tendas de circo não mais…